O marco inicial desse movimento é a canção “Chega de saudade”, composta pela dupla Tom Jobim e Vinícius de Moraes, e lançada na voz do baiano João Gilberto, no ano de 1958. A Bossa Nova surge a partir de uma necessidade de se fazer uma música diferente, intimista, refinada e ao mesmo tempo alegre e otimista.
Bossa é um jeito, maneira, um charme, é um “quê”, como insinuava a popular gíria carioca do final dos anos 50. Ela surge como fruto da urbanidade brasileira e provoca uma efervescência instrumental sem precedentes. Concentrou-se na zona Sul do Rio de Janeiro, seja nos apartamentos de Tom ou Nara Leão, seja pelos calçadões de Copacabana ou Ipanema; daí ser considerada por muitos como uma música elitista.
Nomes como Carlos Lyra, Roberto Menescal, Ronaldo Bôscoli, Eumir Deodato, João Donato, Nara Leão, João Gilberto, Tom Jobim e Vinícius de Moraes consagraram as letras e músicas dessa Bossa que influenciou músicos, compositores e arranjadores do mundo inteiro, tendo reflexos nas composições de artistas como Cazuza e Lobão, além de ser discotecada nas pistas eletrônicas de vários países, onde sucessos desde João Donato a Edu Lobo foram repaginados.
Para alguns estudiosos da música, o fim da Bossa se deu em 1965, quando Elis Regina cantando “Arrastão”, composição de Tom Jobim e Eduardo Lobo, ganhou o I Festival da Música Brasileira, da TV Excelsior, dando início a rotulada MPB.
Contudo, para outros a Bossa continua muito viva. O “samba diferente que ganhou o mundo”, ganhou também novas vozes, letristas e ritmistas, mas permanece com seu carisma e personalidade forte, os quais garantiram seu sucesso nesses 50 anos. Bebel Gilberto (filha de João Gilberto), Mariana Aydar, Roberta Sá, Clara Moreno e Bossacucanova são alguns dos nomes que figuram o cenário musical do que muitos chamam Nova Bossa.
De qualquer forma, ela “chegou, sorriu, venceu”, às vezes delicada e descompassada como os sambas de Tom, ou cheia de tons e contrapontos como os sons de Menescal. Encheu os dias de luz e fez festa no sol. A Bossa “é a chuva chovendo e conversa ribeira”. E agora, definitivamente, “Chega de saudade”, porque “para a poesia, a vida é alegria”.
Ah, Dona Bossa, “se todos fossem iguais a você, que maravilha viver!”
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